quinta-feira, 2 de julho de 2009
Pré-Conceitos
Nossa sociedade anda cada vez pior. Por mais que exista o politicamente correto para quase tudo, internamente, lá dentro de cada um, ainda estamos longe de aceitar as diferenças.
Faço um mea-culpa também. Antes de ontem entrei no elevador com uma moça linda, rosto bonito à beça, cabelo bonito. O corpo... bem, digamos que ela, com certeza, está nos 3 dígitos de peso. Gordinha mesmo.
Meu, eu que estou em condição ZERO de julgar alguma forma física, pensei: "poxa, moça tão bonita, rosto lindo. Ficaria tão linda magra".
E aí caiu a ficha: quantas vezes alguém não pensou o mesmo de mim? Quantas vezes alguém que me conhecia antes (magra) não pensou "caraca, deixou a peteca cair e embagulhou", ou "se descuidou demais, que horror".
A verdade é que ainda tachamos os gordos de preguiçosos, acomodados, sem-vaidades, devoradores de doces. A pessoa gorda, automaticamente, deixa de ser vista como eficiente (o peso não deixa) e passa a ser considerada desleixada (afinal se descuida da própria aparência), incapaz de tirar a bunda da cadeira, malhar e ficar bem. Ainda mais: dá a impressão de pessoa doente, que pode cair morto a qualquer momento por uma artéria entupida. Independente da raiz da obesidade (pode ser hormonal, etc.), sempre pensamos que a pessoa poderia estar diferente (magra) se tivesse força de vontade suficiente.
Antes de dizer "Mila, que horror", pensem um pouco. Todos nós achamos isso, em maior ou menor grau. É triste mas é verdade. Sad but true. A verdade é que o magro está na moda e, para fazer parte, para pertencer, você tem que ser assim também. Aquela história do "sou gordinha mas sou feliz" não vale para todos. Aliás, muitos poucos gordinhos se aceitam como são. Ser magro é um alvo para milhões de pessoas neste planeta que, por ironia, é redondão. rsrsrsrs
É isso que impera agora. E pensar que na Idade Média ser gordo era moda. Isso porque a pessoa gorda era a nobre e não fazia trabalhos braçais. Ser gordo era sinal de poder, de autoridade e grana!
Mas, como os tempos mudaram e muito, só nos resta malhação, dieta, sacrifício... Mesmo que a sociedade de consumo estimule as empresas a nos fornecer, todo dia, cada vez mais opções alimentícias. Cada vez mais gostosas, artificiais e acessíveis. É mais um paradoxo a ser compreendido. Aliás, mais ou menos: se dá a comida por um lado e por outro se vende shakes, academias, dietas, massagens, remédios, vídeos, aparelhos, cintas, llivros de dietas. Tem até hipnose. Ah, agora entendi... É o ciclo vicioso do gordinho! rsrsrsrs
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Amada, de fato não tem como discordar de alguns pontos colocados. Como você disse: Sad, but true!
ResponderExcluirEntretanto "amora", como já lhe falei outras vezes: não dá para ser tão implacável assim! Nem com a vida, nem com a condição das pessoas, nem com os julgamentos, enfim.
Levar essas questões superficiais tão a sério é de pirar qualquer um mesmo.
Para você ter uma idéia, vai aqui um depoimento pessoal:
Venho de uma família com problemas de obesidade pesados – com perdão do trocadilho infame.
Lá em casa TODO MUNDO é gordinho: mamãe, irmão, tias, tios, priminhos, avô, enfim... a “cablocada” toda está sempre em conflito com a balança.
Minha região tem uma característica peculiar em relação a outros lugares que é a questão da fartura. Em Porto Velho tudo é muito farto. Tudo é muito e tudo é em demasia e exagerado. Parece que o mundo vai acabar amanhã e por isso temos que comer toda a comida deliciosa do mundo hoje. É foda! Quando passo um tempo lá fatalmente acabo ganhando uns quilos.
Já engordei um bocado uma época. Entrei numa nóia de emagrecer tão grande que ela me rendeu uma espécie de anorexia nervosa. Ou seja, pirei literalmente! Porém, essa piração, essa nóia da magreza, graças a Deus saiu da minha vida!
Sabe o que me ajudou depois disso a manter o peso. A busca pelo equilíbrio, espiritualidade, enfim aceitar – ou vulgo ficar numa boa - o corpo e o peso que tenho. Hoje não faço mais dietas. Confesso que cuido da alimentação: não como de Junk Food – porque não gosto mesmo -, se tiver opção, evito comer produtos industrializados, em minha casa não entra comida pronta, congelados, essas coisas. Mas, nem sempre consigo comer em casa, com a qualidade de vida que gostaria de ter.
O que quero dizer é que o mais importante é você estar bem consigo mesma. Se você quer emagrecer porque não se gosta com o peso atual, massa! Miloca, vai fundo! Porém se isso é só para entrar em padrãozinho clichê de novelinha das oito, de revista de moda, Miloca de Jesus, acorda para vida! Você é muito mais inteligente e esperta que isso.
Isso tudo que estou falando não tem nada a ver com acomodação e correlatos. Do tipo: para você falar é fácil. Você é magra. De forma alguma. Não acredito mesmo nisso. Penso que não dá para nos tornarmos escravos dessa história capitalista do consumo da imagem. Se entrarmos nesse viés, nos tornamos zumbis de nós mesmos. Nada que façamos, nada que deixemos de comer, todas as horas malhadas do mundo nunca nos deixarão tão linda como a Gisele Bündchen, como a Naomi Campbel, como a princesa Diana, enfim, por maior que seja o esforço empreendido vai ter sempre um para olhar para nós e dizer: - hum, nem ficou lá essas coisas?! Então minha irmã, vá em frente na busca pelo seu bem estar, mas não entre nesses vieses escravocratas.
Seja sim uma pessoa feliz, com mais ou menos peso, é conseqüência.
Bjocas Miloca!